segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Experiências com transparências

O ato de ver não é o ato de uma máquina de perceber o real enquanto
composto de evidências tautológicas. O ato de dar a ver não é o ato de
dar evidências visíveis a pares de olhos que se apoderam unilateralmente
do ‘dom visual’ para se satisfazer unilateralmente com ele. Dar a ver é
sempre inquietar o ver, em seu ato, em seu sujeito.” (DIDI-HUBERMAN,
1998, p.77)

Minha proposta não é apenas dar a ver, é inquietar o olhar, é experimentar

não só o que vemos, mas também o que não vemos, recusando a plenitude,

metamorfoseando as realidades.




Após a experiência com massa de modelar nos vidros do Anexo do MASM, começo a pensar em outras possibilidades para o uso da transparência em minha produção. A lâmina de acetato fora o suporte selecionada para essa próxima experimentação, agora substituindo a efemeridade da massa de modelar pela tinta para vitral, que produz uma translucidez que eu não havia conseguido obter com o material anterior e que me parece interessante por nos fazer esbarrar em um rebatimento virtual do desenho, uma realidade que se multiplica, mas que também se transforma dependendo do local e da luz a que é submetida.





sexta-feira, 28 de maio de 2010

Lugar-Incomum

As janelas do envidraçado do MASM são o suporte para uma paisagem que une fantasia e realidade em uma composição com massa de modelar que, ao mesmo tempo que remete a vegetações de possível existência na natureza, também provocam um estranhamento por suas cores intensas e suas formas orgânicas, numa composição inexistente na natureza vegetal.

A interação da obra com a paisagem da rua instiga diferentes olhares para um espaço que se torna parte integrante do trabalho.




Tais paisagens remetem um pouco à organicidade das células microscópicas, um pouco à estética do vegetal e, principalmente a uma aproximação ao onírico, buscando uma fuga ao mundo real, tendo como inspiração os devaneios possíveis em sonhos onde coisas cotidianas se transformam em coisas aparentemente sem sentido, sem deixar de ser aquilo que sempre foram, provocando, ao mesmo tempo, estranhamento e familiaridade. Imagens que remetem a outras imagens. Paisagens que permitem ao público criar seus próprios devaneios a partir daquilo que observa. Como quem olha uma nuvem e imagina o que dela pode surgir, sem perceber que, na verdade, o que surge não vem da nuvem, mas de algo resgatado da singularidade de cada sujeito que a observa.


































terça-feira, 13 de abril de 2010

Mostra Sabugosos


Nesta série apresento alguns seres fantásticos que combinam um misto de vegetal e animal. Imagens inspiradas na observação de plantações de milho que adquirem personalidades diversas e, ao serem observadas atentamente (ou nem tão atentamente assim), ganham características animais como bicos, penas e membros, destacando um certo grotesco pela incompletude do corpo que ainda apresenta particularidades vegetais incongruentes com a anatomia do ser no qual parecem se transformar.

Características identificáveis, retiradas do cotidiano, que combinadas à fantasia, tornam tal familiaridade ainda mais estranha ao olhar.

A MOSTRA TAMBÉM FOI EXPOSTA LOGO EM SEGUIDA EM XANXERÊ, SC, cidade conhecida por uma feira onde a temática é a produção de milho.