sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Intervenção disciplina Prática de Pesquisa A (PPGE/UFSM)

DEGUST[AÇÃO]
 
Diferença, autobiografia, lugar, rizoma, enunciado... alguns conceitos que nos instigaram a buscar uma forma de compartilhar pensamentos, ideias, indagações, ações. Degustar conceitos como quem experimenta o mesmo doce favorito, mas que a cada mordida se vê envolvido por algo novo, por uma insaciedade que só aumenta.

 
Bolachinhas com desenhos de Tamiris Vaz 
Bolachinhas com desenhos de Fábio Purper Machado
Bolachinhas de Francieli Garlet
Bolachinhas de Simone Rosa
Bolachinhas de Vivien Cardonetti
Degustar não é como realizar uma refeição completa, onde nos sentimos satisfeitos e por vezes até mais do que saciados. Degustar é experimentar algo que nos deixe com gosto de ‘quero mais’, com a angústia de algo que não se faz por completo e por isso trazendo a vontade de provar outros sabores.
Degust[ação] como a ação de degustar conceitos, de inquietar para a ação.
Muitas interrogações espalhadas pelo chão, pela mesa, pelas estantes e módulos e outra grande em nossos pensamentos: Será que haverá participação? Essa é sempre um perigo que se corre quando proposto um trabalho artístico que pede do público mais que contemplação. Ele tem o direito de não se interessar e não participar.

      

No caso dessa intervenção, havia um incentivo para que houvesse essa participação, aliás, pelo menos 320 motivos, produzidos um a um, por nossas mãos, mentes e interrogações de artistas/pesquisadores. Bolachinhas de madeira, coloridas, que traziam imagens e conceitos para servirem de dispositivos para a invenção de outros, sempre como questionamento, nunca como resposta acabada.
Na tarde de sábado (9 de julho), a partir das 15 horas, começamos a convidar cada pessoa que parava e olhava o trabalho, para que fizesse sua participação. Ela escolheria uma de nossas bolachinhas de conceitos e, em troca, deixaria um outro questionamento no lugar.

   

Algumas das perguntas do público
   

As interrogações de nossas mentes transformaram-se em largos sorrisos: Sim, houve participação. Algumas participações apressadas, uma pergunta qualquer em troca da primeira bolachinha avistada, sem muito interesse a não ser o de levar um brinde para casa. Outras participações demoradas, pessoas que dedicaram um tempo considerável de sua tarde de lazer para ler calmamente quase todas as perguntas antes de decidir-se por uma. Alguns tentando levar mais de uma, outros saindo e retornando com amigos, outros também se negando a participar. Houve crianças interessadas junto a pais apressados e também pais interessados junto a crianças impacientes. Pessoas que vinham em grupos e outras que vinham sozinhas. Pequenos, adultos e velhos.
Foi muito bom perceber que pessoas dedicaram um pouco do seu tempo para experimentar algo inusitado surgido em seus caminhos, deixaram sua marca anônima em troca da nossa.

domingo, 5 de junho de 2011

Memórias de um ser paisagem

De 7 a 15 de maio aconteceu em Espumoso a 11ª Espuarte, na qual participei exibindo a Instalação 'Memórias de um ser Paisagem'.

Trata-se de uma instalação onde apresento uma série de fotografias nas quais alguns objetos pessoais e partes de meu próprio corpo são suporte para a projeção de paisagens irreais que crio a partir da visualização de células microscópicas do corpo humano misturadas a paisagens vegetais. A projeção é possível devido ao fato de as paisagens terem sido desenhadas em vidro, fazendo com que, quando colocadas próximas a um corpo, tenham nele suas formas e cores refletidas, conforme a incidência da luz.

Essas fotografias foram coladas em capas de discos, porta-retratos, capas de fita k7, cds (objetos por essência utilizados para o armazenamento de dados, ‘memórias’) e dispostas em um rack.

Em frente a ele, almofadas, como um convite para que as pessoas sentem ali e explorem os materiais disponíveis nesse cômodo, que olhem os porta-retratos, retirem os discos de dentro de suas capas...

O trabalho remete à ideia das memórias pessoais que selecionamos para expor nas estantes de nossas casas, deixando à mostra parte do que vivemos, das viagens que fizemos, de como nos construímos enquanto pessoas. As imagens que apresento mostram minha arte fundida não só à imagem de meu corpo, mas também aos objetos que, fazendo parte de minhas vivências, fazem também parte daquilo que me constitui.